Faço parte de uma geração que não lutou diretamente contra ditadura. Éramos muito jovens. Minha geração lutou mesmo pela redemocratização, pelas Diretas já e por uma Constituição que garantisse direitos a todos. Ditadura nunca mais!!! A partir do final dos anos 1970 e ao longo dos anos 1980, participamos do renascimento do movimento estudantil, do movimento de bairros, de mulheres, de professores, do movimento dos meninos de rua e das lutas pelas Diretas Já! Para quem era professor nos anos 1980, foi com muita esperança que vivemos a política dos CIEPS no Rio de Janeiro, que conseguimos acabar com o famigerado Estudos Sociais implantados na ditadura, que ajudamos a construir o Estatuto da Criança e do Adolescente e que aprendemos a importância da memória para as lutas políticas. Acompanhamos o nascimento do PT, do MST e do movimento LGBT, assim como o crescimento dos movimentos negro e indígena. Nos anos 1980, sentíamos que era possível mudar, transformar, construir e sonhar.
Estamos de novo num momento de ter esperança de um tempo melhor e de reconstruir o que foi violentamente interrompido e despedaçado. Voltar a sonhar para mim é também não esquecer! Não esquecer tudo o que vivi e vivemos como professores, como professores de história, entre 2003 e 2016: as políticas educacionais, tão visíveis no investimento em pesquisa, distribuição de livros didáticos, Leis como 11635, ampliação do número de universidades, institutos federais e ações afirmativas; e as políticas culturais inclusivas, que ampliaram a cidadania e a distribuição de renda, ao reconhecerem os patrimônios das culturas negras, indígenas e populares.
Nós não vamos esquecer! O voto em Lula é para mantermos e ampliarmos os direitos conquistados, para continuarmos a ter esperança em um Brasil diverso, antirracista e inclusivo, onde tenhamos direito à história, uma história justa para todxs.
Voltar a sonhar é votar em Lula 2022!
Martha Abreu é professora do programa de pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense.
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