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DIEGO OMAR DA SILVEIRA | COMO VOTA A COMUNIDADE HISTORIADORA?

Nasci e cresci em uma pequena cidade do interior de Minas, muito conservadora e religiosa. Sou filho de pai caminhoneiro e mãe dona de casa. Nesse município não havia Ensino Médio e meus horizontes se expandiram um pouco mais apenas quando passei a frequentar a escola da cidade vizinha, onde conheci professores engajados e que me apresentaram um outro mundo e, dentro dele, várias possibilidades de engajamento. Foi uma experiência decisiva para sonhar em entrar em uma universidade pública.


Ainda jovem, ingressei no curso de História da Universidade Federal de Ouro Preto. As primeiras aulas de minha graduação ocorreram entre o primeiro e o segundo turno da eleição de Lula, em 2002. Lembro que eu e meus colegas de graduação nos enchemos de esperança e vimos a UFOP se transformar em poucos anos. Ampliação de vagas, criação da pós-graduação (fui da primeira turma do mestrado em História nesse instituição), novos ares e a chance de repensar nossos percursos profissionais, com a interiorização da universidade e dos Institutos Federais. Puder experimentar ainda outro aspecto muito significativo dos governos do Partido dos Trabalhadores. Fui Secretário Municipal de Educação e vi mudanças muito substanciais se processando no Ensino Básico, em um momento no qual era possível pensar os rumos da educação brasileira com bastante otimismo.


Do mesmo modo, quando me mudei para a Amazônia, para assumir uma vaga no Colegiado de História da Universidade do Estado do Amazonas, em Parintins, vi com grande alegria, a possibilidade de atuar em uma cidade em que muitas coisas estavam por fazer e na qual os governos populares vinham conseguindo, enfim, reduzir um pouco as abissais desigualdades sociais.


Por tudo isso, foi com grande indignação que vivi os retrocessos dos últimos anos e, de modo especial, o caos causado pela pandemia de Covid-19, em vários locais do Amazonas. Perdi um orientando que faleceu pouco tempo depois da defesa de seu TCC, antes mesmo que conseguisse se formar. Dia 30 votarei na esperança de reverter esse quadro. Votarei pela memória das pessoas que tombaram na luta e também na expectativa de uma país mais democrático e comprometido com um futuro que pertença igualmente a todos, no qual possamos inclusive reverter as políticas de descaso com a floresta e com os povos que nela habitam. Na capital nacional do Boi-Bumbá tenho visto cotidianamente a força que brota da cultura popular e sua capacidade de nos fornecer novas utopias. E elas florescerão novamente com Lula 13!


Diego Omar da Silveira é historiador e professor da Universidade do Estado do Amazonas, em Parintins.

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