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SIDNEI J. MUNHOZ | COMO VOTA A COMUNIDADE HISTORIADORA?

No dia 30 de outubro, votarei pela democracia! Votarei em Lula e Alckmin!


Sublinho que o pleito de 30 de outubro definirá o futuro do Brasil e terá reverberações globais. Com o nosso voto, daremos um basta a um governo que representa o que há de pior em termos de retrocesso social e civilizacional. Diremos não a um governo que trata as mulheres como cidadãs de segunda ou terceira categoria. Com o nosso voto diremos não à destruição da educação pública de qualidade, diremos não ao sucateamento do SUS e diremos não à destruição avassaladora do meio ambiente.


Nesse pleito, deveremos ainda escolher entre a tolerância e a discriminação, entre uma sociedade mais justa para as mulheres e para as minorias ou se manteremos um silêncio cúmplice. Ressalto que, inúmeras vezes, o atual presidente demonstrou preconceito contra os nordestinos, contra os negros, contra a população LGBTQIA+, contra os índios e contra todos os grupos que não se enquadram nos protótipos da “familícia”. Em 30 de outubro deveremos dar um basta a essa insanidade travestida de defesa da família, da pátria e dos bons costumes.


Enfatizo que esta não será uma eleição como as anteriores e, certamente, também será diferente das posteriores, caso elas continuem a acontecer com regularidade, um futuro que estará seriamente em risco, caso o atual mandatário seja reeleito. Há momentos em que nos deparamos com uma encruzilhada, com uma fronteira, com as linhas de um rubicão que, se ultrapassadas, não mais haverá um ponto de retorno.


Há coisas que aconteceram há muitos anos e que gostaríamos de deixá-las sepultadas lá no passado. No entanto, há um tipo de passado que não passa e insiste em nos assombrar e trazer à tona o sangue e as tragédias de cada uma e de todas as vidas ceifadas, interrompidas ou arruinadas. Quem acreditaria, há uma década, que seria necessário relembrar novamente a destruição em massa levada a cabo por Hitler, por Mussolini e por seus seguidores, e que voltaríamos a ter receios de que tamanha insanidade pudesse se repetir? Quem diria que precisaríamos lembrar que o regime de Hitler pôs fim à vida de cerca de 6 milhões de judeus? Quem diria que, após anos de contínua democratização, o Brasil teria como presidente um defensor da tortura, da ditadura e da supressão de quem pensa diferente? Quem diria que ele e os seus próceres, em diferentes ocasiões, flertariam com os símbolos dessa barbárie nazista?

Nestas eleições, deveremos escolher entre um país dos livros ou das armas; entre um país da justiça social ou do aumento da desigualdade; entre um país em que a democracia poderá ser exercida em sua plenitude, com todos os seus inúmeros problemas e imperfeições, ou um país que sacrificará a vida da sua população nos altares das guerras sem sentido.


Em 30 de outubro, votaremos pelo direito a ter uma opinião ou permitiremos que os falsos Messias, os traidores da pátria travestidos de heróis, determinem o que é certo e o que é errado.


Por fim, sublinho que um novo governo desse profeta do apocalipse, legitimado pelas urnas, será uma tragédia maior do que a já anunciada. Caso vitorioso, o atual ocupante do Planalto será revigorado pelo sufrágio e terá as mãos livres para exercer toda a sua perversidade. Sem tergiversar, estamos a falar de psicopatia e de perversão. Assim, no dia 30 de outubro, votarei pela reconstrução da democracia ao digitar na urna eletrônica o número 13 (Lula e Alckmin).


Para derrotar o candidato fascista, é necessário consolidar a construção de uma frente ampla que congregue cidadãs e cidadãos dos mais variados matizes políticos, religiosos, étnicos e culturais, tendo como norte a defesa irrestrita da democracia e da estabilidade política. Desse modo, será possível afastar o fantasma da tentação autoritária e, assim, garantir inclusive o direito a fazer oposição ao novo governo sob uma ordem democrática e plural.


Sidnei J. Munhoz é professor do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade Estadual de Maringá.

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