Em defesa da democracia
Dia 02 de outubro de 2022 sai de casa por volta de 16h00 para ir ao encontro dos democratas do Estado de São Paulo que estavam concentrados na Av. Paulista. Apesar das recomendações para não vestir vermelho, lá estava eu com uma blusa “cor de carne”, porém, segurando uma grande bandeira do Brasil. Naqueles dias estive justamente refletindo sobre o “resgate” da nossa bandeira que foi levianamente usurpada por um governo fascista de extrema-direita. O valor simbólico da bandeira de um país, nos faz rever e repensar sobre a soberania, a independência e a união da nação. Valores esses que desde o golpe em 2016 foram terrivelmente arrancados dos brasileiros. Já havíamos vivido isso com o golpe de 1964, mas dessa vez parecia estarmos vivendo em uma distopia. A cada imagem na tela do ex-presidente Lula liderando a contagem de votos, ouvia-se gritos de comemoração e grande euforia. Os repórteres tentavam registrar as melhores imagens do povo que, ora rezava, ora cantava e outras vezes se decepcionava com o atual presidente liderando a contagem de votos em alguns estados brasileiros. Foi uma apreensão e angústia que durou mais de 5 horas. Sai de lá lamentando que teríamos que enfrentar mais 28 dias de campanha e com isso, um pouco mais de violência contra àqueles que não compactuam com o racismo, a misoginia, o preconceito, racismo, homofobia e as perversidades de Jair Messias Bolsonaro. Foi um soco no estômago, porém, acreditando que o Brasil superará as dificuldades. Não permitiremos que um ex-deputado que não aprovou nenhum projeto relevante que fosse nos seus 26 anos de atuação no Congresso se reeleja presidente. Não aceitaremos mais 4 anos de opressão e medo, tampouco conviveremos com uma postura tosca que nos faz passar vergonha no cenário internacional. Lula foi tirado do cenário político em 2018 para que esse governo pudesse se estabelecer, mas agora, depois de inocentado das acusações, retorna com força total. 33 milhões de brasileiros passam fome hoje no país, sendo que em 2014 o Brasil foi oficialmente retirado do mapa da fome pela ONU. Resgataremos nossa unidade e dignidade. A educação e a ciência voltarão a serem respeitadas e novos e importantes investimentos acontecerão como foi de 2002 a 2015 com o orçamento do MEC triplicado de R$ 49,3 bilhões para R$ 151,7 bilhões. Nos oito anos do mandato de Lula mais de 15 milhões de empregos foram criados e, portanto, a esperança de uma economia aquecida é possível de ser vislumbrada. Sei que passaremos por um período difícil já que há muito o que fazer e recuperar. São muitos anos de luta e de direitos perdidos, temos muitas batalhas pela frente. O respeito as diversidades, aos povos indígenas, as mulheres, a cultura e a luta em defesa da democracia estarão mais fortes do que nunca, assim que a apuração das urnas em 30 de outubro de 2022 for concluída. Vamos juntos, pois quem conhece a história não repete erros do passado. Ninguém solta a mão de ninguém.
Cyntia H Rossini - 47 anos, paulistana, mãe de 2 filhos. Historiadora e Pedagoga, Especialista em História, Sociedade e Cultura. Foi militante estudantil na década de 1990 e hoje é militante social e pesquisadora.
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